O Lado Sombrio da Insana Inflação dos Estados Unidos

A inflação nos Estados Unidos chegou a 8,5%
a maior dos últimos 41 anos, levando preocupações a Jerome Powell, presidente do FED, Banco
Central dos Estados Unidos. Essa situação não é exclusividade dos
Norte Americanos, na União Europeia, a inflação chegou a 8%, maior valor já registrado desde
a formação do bloco, e no Brasil 11%, uma das mais altas do mundo e com o temor constante
de descontrole no aumento dos preços. Casos de Hiperinflação como da atual Venezuela,
Brasil na década de 80 e Zimbábue, onde se tornou impossível controlar o aumento
dos preços devido a inflação com 3 dígitos, levantam dúvidas sobre a sustentabilidade
da inflação atual no mundo, se ela poderia chegar nesses patamares elevados, provocando
instabilidades econômicas, e se o Banco Central dos Estados Unidos, FED, e do Brasil conseguiria
mantê-la sob controle. Mas porque a inflação está tão alta no
mundo e a hiperinflação é um perigo eminente? É isso que vamos ver nesse vídeo… Para entender a situação inflacionária
atual precisamos nos aprofundar primeiro nos impactos da pandemia. Em um mundo globalizado, qualquer produto
tem uma complexa estrutura de produção. Por exemplo, embora o design do iPhone seja
feito na California, sua tela é fabricada na Coreia do Sul, a câmera na China e o processador
em Taiwan. A falta de qualquer um desses componentes
atrasa a produção provocando efeito cascata em todo o sistema. Paralizações de fábricas ao redor do mundo
e interrupções no envio de mercadorias atrasaram o processo de produção e elevaram os custos
de envio, consequentemente, os preços de diversos produtos se elevaram e o mundo vivenciou
uma queda na oferta global de produtos. O outro lado da história da atual inflação
está relacionado com o petróleo. Dois anos atrás, o preço do petróleo era
de 60 dólares por barril, então veio a pandemia. Quando ninguém está andando de carro e várias
indústrias param de funcionar a procura por esse recurso se reduziu drasticamente. Isso fez com que o preço do petróleo colapsasse
caindo para 20 dólares por barril. Combinado com o declínio da demanda, a perspectiva
das economias se tornarem mais verdes com projetos em energia sustentável como eólica
e solar cada vez mais em pauta e carros elétricos conquistando o apoio popular, faz com que
os países acreditassem que os preços nunca se recuperariam para níveis pré-pandêmicos
e cortassem a produção e investimento de Petróleo, ou seja, cortassem a oferta de
petróleo. Entretanto, a vacinação mundial, abertura
e recuperação das economias levou a um aumento na procura por petróleo mais rápido do que
o esperado. Em março de 2021, o consumo de petróleo
havia voltado a 98% dos patamares pré-pandemia, mas a oferta ainda não havia voltado, porque
a produção ficou estagnada. Além disso, a guerra da Rússia na Ucrânia
impactou ainda mais esse mercado, levando o petróleo a chegar em um valor de 110 dólares
por barril e isso influencia não apenas os preços da energia, mas o preço de todos
os derivados do Petróleo como por exemplo gás de cozinha e
Mas ainda existe um fator muito importante que ocasionou a inflação. Imediatamente após o surto de COVID em 2020,
as economias mundiais despencaram em todo o mundo, os Lockdowns, instabilidade econômica
e incerteza fizeram milhares de pessoas perderam trabalhos. A fim de assegurar a manutenção dos empregos
e evitar uma queda no consumo, o FED emitiu cerca de 3 trilhões de dólares em moeda
extra para economia e depois pegou mais 2 trilhões de dólares emprestado. Basicamente dando dinheiro de graça para
a população em forma de auxílios e reduzindo as taxas de juros de longo prazo e curto prazo
para incentivar o consumo das pessoas e investimento das empresas. Ao observar o gráfico de desemprego dos Estados
Unidos é possível notar que ele rapidamente voltou para os níveis pré-pandemia, o PIB
americano superou seus antigos patamares (GRÁFICO) e as bolsas de valores subiram para valores
recordes. Empresas e pessoas tinham mais dinheiro para
consumir, aumentando a procura por produtos e serviços. No entanto, como a oferta se reduziu devido
as paralizações de fábricas e problemas logísticos ocasionados pela pandemia, essa
situação se refletiu em uma escassez de produtos. Essa redução na oferta e aumento na procura
causou um aumento nos preços de produtos como computadores e celulares que foram mais
demandados durante a pandemia. Entretanto, mesmo excluindo os produtos que
tiveram as variações mais extremas de preços, ocasionados por problemas logísticos da pandemia
ou de derivados do petróleo, a inflação americana continua alta, acima dos 2%. No final, a combinação de grandes gastos
do FED com auxílios para população e juros baixos foi maior que o necessário e acabou
por causar um superaquecimento da economia. Para se ter uma noção, existe quase o dobro
de vagas de emprego abertas do que de desempregados nos Estados Unidos. Mas por que isso é um problema e gera inflação? Para responde isso precisamos entender algo
antes. Em 1960 o economista Wiliam Philips descobriu
uma relação que ficou conhecida como curva de Philips, que é expressão nesse gráfico. Quanto menor o desemprego, mais difícil será
para as empresas contratarem funcionários com isso os trabalhadores podem exigir aumentos
salariais. Além disso, quanto mais pessoas empregadas
maior é a procura da população por bens e serviços, assim, as empresas têm a capacidade
de aumentar os preços sem perder clientes, causando inflação. Portanto, quanto menor o desemprego, mais
superaquecida a economia, maior será a inflação. Isso nos leva ao estado atual da economia. Jerome Powell, presidente do FED, precisa
mudar a taxa de juros, que é o principal instrumento do Banco Central para reduzir
o aumento dos preços a economia e funciona da seguinte maneira: o aumento dos juros desincentiva
as empresas a tomarem empréstimos e as pessoas a consumirem. Por exemplo, quando os juros aumentam, fica
mais difícil financiar a construção de uma casa, com isso muitas pessoas que trabalhavam
no setor de construção ficam desempregadas, o que reduz o consumo da população. A partir do momento que menos pessoas tem
dinheiro para consumir, a procura por produtos na economia abaixa e a inflação se reduz. Nesse caso, somente provocando um aumento
no desemprego os preços se reduzem. No entanto, no debate atual existem dois lados
nessa história. Enquanto, os pessimistas acreditam que o aumento
nos juros provocará uma recessão na economia americana atrapalhando sua recuperação,
os otimistas representados pela visão do Banco Central dos Estados Unidos acreditam
que como a economia americana está superaquecia, o aumento nos juros não provocaria uma recessão,
somente uma redução da inflação. Mas não é tão simples assim. Ainda existe outro grande problema. Na Europa metade dos acordos salariais contém
“cláusulas de indexação”, o que significa que os salários estão automaticamente vinculados
à inflação e muitos os sindicatos estão lutando por um aumento na remuneração do
empregado. Uma psicologia inflacionária pode aumentar
as expectativas de inflação e atrapalhar o Banco Central. Isso porque quando os trabalhadores recebem
um aumento no seu salário, as despesas das empresas aumentam pois terão que arcar com
mais custos. Dessa forma, para manter sua lucratividade
elas aumentam os preços dos seus produtos. Quando isso acontece em uma larga escala,
todos os preços estão aumentando e isso gera um ciclo inflacionário difícil de ser
quebrado, chamado de Espiral preço-salário. Maiores salários geram mais inflação nessa
situação esse ciclo se perpetua, pois, a inflação gera insatisfação dos sindicatos
que tentarão aumentar os salários. Por isso, tudo depende das expectativas, se
os trabalhadores acharem que a inflação vai aumentar eles exigirão aumento nos salários
e essa inflação se realizará. A grande esperança de redução da inflação
atualmente está relacionada ao fim dos problemas logísticos. Os rápidos aumentos nos preços de carros
e geladeiras, ligados em parte a problemas na cadeia de suprimentos, impulsionaram o
aumento inflacionário inicial no ano passado. Agora isso está se revertendo. O custo de enviar produtos de Xangai para
Los Angeles caiu um quarto desde o início de março e nos Estados Unidos, as produções
estão rapidamente crescendo. O que pode reduzir de preços que produtos
como notebooks, automóveis e celulares podendo ajudar a reduzir as expectativas inflacionárias
no mundo, aliviando a crise do custo de vida, dando aos bancos centrais espaço para respirar
e dinamizando os mercados financeiros. Muitas das commodities que subiram de preço
como Petróleo e gás natural não terão aumentos nos próximos anos e provavelmente
cairão de preço e isso vai amenizar muito a situação inflacionária. Além disso, outra razão para a queda da
inflação no longo prazo está na demografia dos Estados Unidos. Como podemos ver nesse gráfico, o aumento
na população em idade ativa, ou seja, que trabalha, está praticamente estagnado. Com menos pessoas entrando no mercado de trabalho,
menos salários estão sendo ofertados a população isso resulta em menor procura por produtos
e serviços o que, por sua vez reduz a inflação. Esse é o mesmo problema que como Japão e
Europa afrentaram com o envelhecimento da sua população. Nesse sentido, o Fed está aumentando as taxas
agora para combater a inflação. Mas isso provavelmente é temporário: quando
a inflação voltar a cair para 2% a 3%, o que provavelmente acontecerá nos anos posteriores,
o Fed começará a cortar os juros novamente e era de juros baixos retornará caso essa
psicologia inflacionária da espiral salário preço não tome conta da economia. Inflação no Brasil: O Buraco é mais embaixo
Ao contrário da economia americana que estava em crescimento e estável antes da pandemia,
o Brasil entrou em 2020 sem ter se recuperado da grande recessão econômica de 2015-2016
e ainda o Brasil ao longo da última década passou por uma grande desindustrialização,
ou seja, nossa indústria perdeu espaço na economia. Esses fatores contribuíram para que a inflação
no país se tornasse mais dependente do aumento dos preços dos nossos parceiros comerciais
externos e dos preços das commodities no mercado internacional, basicamente importamos
muita inflação. Ao contrário dos Estados Unidos onde a economia
superaqueceu depois da atuação do Banco Central com os estímulos, como a economia
brasileira estava em situação muito ruim desde antes da pandemia isso não ocorreu
e nosso desemprego continua alto. Por isso, a maior parte inflação vem do
aumento dos preços externos e a desvalorização do real que ocorreu no meio da pandemia e
aumentou o valor de produtos de que vem de fora. Nesse contexto, mesmo com uma economia ainda
não recuperada, o Banco Central elevou a taxa de juros da economia brasileira de 2%
no início da pandemia para os atuais 13,25%, com intuito principalmente de aumentar o desemprego
para reduzir o aumento dos preços. O principal temor do Banco Central era começar
a Espiral salário-preço. Esse aumento drástico na taxa de juros impede
o acontecimento disso, apesar de aumentar ainda mais o desemprego na economia. Ainda existem muitas incertezas na situação
atual, mas uma coisa é certa, as expectativas das pessoas determinarão a inflação no
mundo mais uma vez. Muito obrigado por ter assistido o vídeo
até aqui, se vc gostou deixe um gostei ai em baixo compartilhe o vídeo e acesse nosso
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