Juros em alta no Brasil e nos EUA. Onde investir?

Insights, o seu podcast semanal.
Oferecimento Bradesco Asset. Olá! Bem-vindos a mais um episódio
do Insights, o seu podcast semanal   com ideias que provocam um novo jeito de pensar.
O conflito na Ucrânia está mudando as perspectivas   para a economia global este ano. Além, claro,
da lamentável perda de vidas humanas e dos   desequilíbrios que um conflito provoca.
Hoje, nós vamos discutir aqui no Insights   quais efeitos o conflito deverá trazer e
como eles se relacionam com a inflação e   com as taxas de juros em alta, que já
estavam no nosso radar para este ano.  Para compreender o momento atual e as tendências
para os próximos meses, nós vamos conversar hoje   com o economista-chefe da BRAM, o Marcelo Toledo.
Toledo, bem-vindo de volta ao Insights. Olá, Priscila, é um prazer estar aqui.
Também, olá André, bom dividir o podcast com você. Como o Marcelo já falou, quem está
aqui conosco é o Head de Renda   Fixa da BRAM, o André Caetano.
André, bem-vindo ao Insights. Oi, Pri, tudo bem? Oi, Toledo.
Prazer estar aqui com vocês. Bom, começando aqui pelo Toledo, o tema
que está em todas as mídias neste momento,   né? A invasão de tropas russas na Ucrânia e
a reação da comunidade global a esse ataque   militar por parte da Rússia e as sanções que
foram impostas à Rússia em retaliação a essa   ofensiva militar, então inicialmente sanções
ali econômicas, né? Restrição de pagamentos,   a retirada dos bancos russos do sistema
Swift que é o sistema bancário internacional.  E, também, a questão dos bens, né? Principalmente
impactando ali as commodities, então a gente vê   Estados Unidos falando de deixar de importar
petróleo da Rússia o que obviamente causa um   impacto imediato ali no preço do petróleo.
Então, começando aqui pelo Toledo.  Qual a sua avaliação desses
últimos acontecimentos, né?  O que que isso significa para
crescimento global e, também,   o quanto isso pressiona a inflação, que já
está bastante elevada em diversas economias? Em alta. Priscila, como você mencionou, em primeiro
lugar a questão mais importante do conflito   é naturalmente o que envolve de impacto humano
e a gente espera que haja uma resolução o mais   rápido possível desse ponto de vista.
Mas, a gente está aqui para comentar o   impacto do ponto de economia que neste
momento naturalmente é um tema menor,   mas que a gente por dever de ofício
tem que também abordar, obviamente.  Em relação a impactos para a economia
global e para o Brasil em particular.  Então, primeiro a gente deve lembrar que a
gente está numa situação inédita em vários   anos, fazer cenários nesse tipo de ambiente é
extremamente complicado, qualquer cenário é um   cenário provisório. Devemos, portanto, reconhecer
o elevado grau de incerteza, eu tenho acompanhado   muitas consultorias de geopolítica que temos
aqui e de outras fontes e os especialistas em   geopolítica não sabem apontar exatamente
qual vai ser o andamento desse conflito.  Então, isso como um pano de fundo é
um pano de fundo de grande incerteza,   a gente não pode perder isso de vista.
Então, tudo que a gente disser aqui está   sujeito naturalmente a revisões, a
gente repensar ao longo do tempo.  Dito isso, a gente já tem caracterizado um
impacto que é naturalmente negativo para   o crescimento global e simultaneamente para a
inflação, então o mundo já vinha de dois anos   de pandemia com uma inflação bastante elevada.
A gente já conversou sobre isso aqui no podcast   que o grande problema de 2022 de fato
era a inflação e o últimos eventos,   eles agora significam que não apenas tem um
novo choque que vai atingir a inflação global   como tem um grande choque que vai atingir o
crescimento global, em particular na Europa.  Então, naturalmente o PIB dos países envolvidos
no conflito vai ter uma grande contração e os   países quanto mais próximos geograficamente e
economicamente da região em conflito, vão também   experimentar provavelmente uma recessão razoável.
Mas, geralmente, o crescimento global que   vinha forte ele agora tem um grande dilema,
digamos assim, que é enfrentar uma situação   que a oferta de commodities vai cair bastante.
Então, a gente sabe, como todo mundo já está   cansado de saber, a Rússia é um grande produtor
de petróleo e gás, é o maior exportador do mundo   de petróleo e gás, particularmente o gás para a
Europa e, também tanto Rússia quanto Ucrânia são   grandes produtores e exportadores de commodities
agrícolas e no caso da Rússia também metálicas.  Então, a gente está possivelmente perdendo
no mundo uma grande oferta de commodities e   significa que o consumo de commodities,
dessas commodities vai ter que cair.  O consumo de combustíveis vai ter
que cair no mundo como um todo,   provavelmente. A gente não sabe qual é a extensão
exatamente dessa queda, mas vai precisar cair.  Então do ponto de vista de PIB
global o resultado é inequívoco.  Eu diria que as nossas contas preliminares são que
o crescimento global vai passar de 4% para 3,5%,   mas pode ser muito menos do que isso.
Na inflação também vem um choque que é   bastante importante, então a gente está
vendo o preço do petróleo já perto de   120 o barril, US$ 120 o barril, o preço do
trigo subiu 70% nesse ano, assim como o de   outras commodities agrícolas e metálicas.
É verdade que as perspectivas ainda não   estão claras, então o mercado futuro
de commodities tem um, vamos dizer,   um formato da curva que implica uma visão
que no final do ano há algum certo alívio   da grande pressão de oferta que vai acontecer no
curto prazo, mas isso vai pressionar a inflação   de todos os países, uma inflação que já era
bastante elevada vai ficar ainda mais elevada.  Como os bancos centrais vão responder a isso?
Aí vai depender de qual é o espaço que   cada banco central vai ter para,
digamos assim, acomodar esse choque.  E essa reação de cada banco central também
vai depender de quanto o PIB do país ou da   região que banco central é responsável vai
sofrer o impacto diretamente do conflito.  Então, por exemplo, na Europa provavelmente o
Banco Central Europeu vai adiar o aumento de   juros ou a retirada de estímulos, ele na verdade
iria começar ali pela redução da compra de ativos.  O impacto vai ser muito grande na
atividade da Europa, na inflação também,   mas a região da zona do euro tinha capacidade, a
inflação não estava tão alta e vai ter um impacto   maior na atividade do que em outras regiões.
No caso dos Estados Unidos, o impacto direto   em cima da atividade não deve ser tão grande.
Então o Fed já sinalizou, vai continuar, grosso   modo, o que estava programado para fazer que é
começar a subir a taxa de juros na reunião do   dia 16 de março, em 0,25% e fazer altas seguidas.
No caso do Brasil e de outros países emergentes,   a situação é um pouco também mais
parecida com os Estados Unidos,   quer dizer, o impacto direto em cima da
atividade econômica não deve ser tão grande   e o impacto na inflação vai ser substancial.
A gente vai discutir um pouquinho mais adiante,   mas no Brasil o ciclo de política monetária
está bastante adiantado, mas é provável, é   possível que o Banco Central tenha que ir um pouco
além do que estava sendo estimado anteriormente.  A gente, até antes do conflito, trabalhava com um
cenário que a Selic subiria para 12,75% e agora,   nesse meio da turbulência, ainda não estamos
cravando exatamente uma nova projeção,   mas a gente sabe que vai precisar ir
um pouco além do que esses 12,75%.  Um último ponto aqui, Priscila, é em relação…
Para a gente lembrar do Brasil, é que diferente   do que aconteceu entre 2019 até o final do
ano passado, agora o câmbio está ajudando.  Então, vou dar aqui alguns dados.
Naquele choque, digamos assim, da pandemia,   o câmbio saiu de cerca de R$/US$ 4,00 para R$/US$
5,50, então uma desvalorização de cerca de 40%.  E o preço do petróleo, saiu de 65 antes da
pandemia para 80, grosso modo, então, 25% de   aumento somando o efeito do câmbio do petróleo,
a gente teve 70% de aumento do petróleo em reais.  Neste ano de 2022, o câmbio está grosso modo
apreciando 10% e o petróleo subindo 55%,   então o petróleo está até tendo um
choque maior do que foi lá na pandemia,   mas quando combinado com o câmbio, dá um choque
de 40%, então contra 70% do que foi na pandemia.  Então é um choque, digamos assim, que está
sendo de certa forma amortecido pelo câmbio,   mas é um choque muito substancial.  Então, o IPCA deste ano pode encostar… Deve
ficar perto de 6% e pode encostar até em 7,5%,   dependendo da evolução de preço
de commodities daqui para frente. Toledo, o brasileiro percebeu
isso, né? Abastecendo o carro   no posto gasolina sentiu muito no bolso
essa elevação do preço da gasolina, mas,   mesmo assim está muito defasado em
relação a essa alta do petróleo, né?  Sim, você comentou que o câmbio nos
favoreceu no sentido que o real se valorizou,   mas ao mesmo tempo o preço praticado até pela
Petrobras está bastante defasado em relação ao   preço do barril de petróleo lá fora que
hoje passa dos US$ 120 por barril, né? Alguma correção deve acontecer, então talvez
seja impossível fugir de um reajuste de preço,   isso vai acontecer nos preços domésticos e tem
um debate sobre como de certa forma prover algum   tipo de alívio dessa pressão internacional.
Então, tem sido… A gente tem acompanhado   as discussões de diferentes alternativas
no ICMS ou impostos federais ou um fundo   estabilização ou um subsídio direto, é possível
que esse novo grande evento do conflito e esse   grande choque do petróleo leve a uma reação por
parte do governo para tentar, de certa forma,   suavizar a chegada desse impacto do preço do
petróleo internacional para os preços domésticos,   mas de alguma forma vai haver uma elevação.
E outros produtos aí não tem como muito fugir:   alimentação, produtos que dependem de commodities
metálicas e mesmo a parte química, enfim os   efeitos em aumento da inflação de fato, eles vão
acabar aparecendo em menor ou maior intensidade.  E mais uma vez, quer dizer, a gente está
aqui discutindo justamente nesse ambiente   muito volátil e a gente não pode cravar
um preço do petróleo para o final do ano,   é possível que tenha uma reversão e temos que
também contemplar eventualmente cenários mais   negativos que podem resultar em preços
até um pouco maiores do que os atuais. Perfeito.
Agora,   falando um pouco aqui diretamente de investimento
em renda fixa e aí eu passo a bola para o André.  E aí a gente pode separar, né André? Aqui vamos
falar tanto da parcela de prefixado, ou seja,   diretamente ligado ali a curva futura de
juros e a parcela indexada à inflação,   onde você tem ali uma parte da remuneração
do seu ativo prefixado e a outra parcela,   vamos dizer assim, pós-fixada atrelada ao IPCA
que não está sendo domado, vamos dizer assim né?  A gente está nesse ciclo de elevação
da Selic e claro que tem uma defasagem,   né? Tem um tempo até que os preços, o aquecimento
da economia reaja a essa alta de juros, né?  Então, qual que é a tua leitura também tomando
esse pano de fundo aí do conflito que acaba   obviamente encarecendo as commodities, né?
A gente falou bastante aqui de petróleo, mas a   gente também não pode esquecer que é a Ucrânia é
uma grande exportadora de milho e de trigo, né?  Então, essas commodities também devem
ter seus preços impactados aí e como que   isso nos afeta aqui no Brasil? Quanto isso
poderia piorar o nosso quadro inflacionário   e qual que é o investimento, o veículo que o
investidor tem para se defender desse cenário? Bom, Pri, assim como você e o Marcelo
comentaram, né? A gente assiste com muita   apreensão e perplexidade este momento triste
da história da humanidade, né? Assim, de fato é   muito complicado imaginar a questão das vidas
humanas e a gente fica muito triste com isso.  Mas, vindo aqui um pouquinho aí para o nosso
ambiente de investimentos e falando mais   especificamente da renda fixa, eu acho que o
principal ponto foi o que o Toledo colocou,   né? Do impacto que isso tem sobre a inflação.
E vamos combinar que é uma inflação que já   vinha muito alta, a gente já tinha aí por
conta da pandemia e todos os desarranjos   que aconteceram durante esse período uma
inflação em alta no mundo inteiro, né?  Então assim, essa questão do conflito agora vem
colocar mais lenha na fogueira da inflação. Isso   de fato preocupa, preocupa do ponto de vista
local, né? A gente vem aí já de um movimento   de alta dos juros básicos da economia, então,
a gente viu o Banco Central elevar a Selic,   de 2% já está em 10,75%, muito provavelmente
chegue próximo de 13%, como o Toledo falou   e muito em função de uma inflação alta, né?
A gente viu o IPCA rodar acima de dois dígitos   novamente, ainda é uma inflação que não está
controlada, as expectativas ainda estão em alta,   então assim, quando a gente olha tudo isso
no mundo da renda fixa eu acho que de fato a   questão dos ativos atrelados à inflação, né?
Como você bem colocou, os papéis aí que são   indexados ao IPCA, acabam tendo
uma atratividade grande, né?  Eles vêm performando comparativamente aos
juros nominais, que é o que você falou da curva   prefixada melhor, né? Já foi assim o ano passado,
o ano passado foi um ano difícil para a renda fixa   como um todo, mas os juros prefixados sofreram
mais do que os juros, vamos dizer, os juros reais,   né? Que são esses atrelados à inflação.
E a gente chega num momento agora aonde de fato,   a curva parece estar bastante premiada
e por conta desse novo conflito os   prêmios ficaram ainda mais exacerbados, né?
A gente vê renda fixa performando ainda mal   quando comparada a outras classes de ativos,
o Toledo colocou muito bem, a bolsa ainda   está no terreno positivo no ano, o real está
apreciando mais de 10% no ano e a renda… A bolsa está em terreno positivo…
Desculpa, só te interrompendo aqui.  Porque a gente viu uma entrada muito
relevante de recurso de estrangeiro aqui, né? Sim e que teve também o seu impacto aí no câmbio
que está aí, como vocês colocaram muito bem,   apreciando quase 10% no ano, talvez
uma das moedas, senão a moeda que   mais se aprecia no ano contra o real, né?
Então assim, eu acho que do ponto de vista   dos investimentos em renda fixa, eu gosto
particularmente dos papéis aí atrelados à   inflação, eu acho que é um terreno mais seguro
para este momento de extrema volatilidade.  Eu acho que os títulos prefixados são uma
boa oportunidade para aqueles investidores   que têm um horizonte mais de longo
prazo, por que que eu digo isso?  Porque provavelmente a gente vai continuar
vivendo um ambiente ainda de volatilidade,   mas os prêmios de fato estão muito bons, né?
Então assim, a gente já vê ativos trabalhando   a taxas acima de 12%, né? Então, você
pega hoje investimentos num prazo de   três anos cujo a rentabilidade bruta
está acima de 40% ao ano, em três anos.  Então assim, já é uma curva bastante premiada
que reflete as nossas questões locais, enfim a   incerteza com a eleição, a questão fiscal que foi
aí um calcanhar de Aquiles durante muito tempo,   ano passado em especial, este ano ainda é um
pouco, né? A despeito de ser um ano eleitoral   e a gente imaginar que a margem de manobra
para o governo é atacar o teto de gastos   fica muito menor, mas enfim, a gente ainda vai
provavelmente ter preocupações relacionadas à   questão fiscal. Então, tudo isso se reflete
em uma curva de juros bastante premiada.  E a gente acabou não falando, né Pri? Dos
títulos que são pós-fixados indexados ao   CDI que vão acompanhar aí a subida da Selic,
que é a taxa básica de juros. Então assim,   esses também tendem a ter uma boa rentabilidade,
só lembrando que esses títulos eles acompanham   essa evolução do CDI e a gente tende a imaginar,
né? O Toledo depois pode até complementar,   mas que muito provavelmente por conta desse
incremento muito forte que a gente está tendo da   taxa básica de juros que deve ter aí um movimento
de mais de 10% de ajuste e claramente o Banco   Central já falou isso, está levando de fato os
juros para um terreno contracionista, né? Então,   a gente já está falando de juros reais no Brasil
próximo de 6% ao ano, isso é bastante coisa, né?  Os papéis longos de inflação estão
pagando quase 6% acima do IPCA,   então assim, muito provavelmente em
algum momento talvez não tão rápido,   mas talvez a gente esteja aí falando do início de
2023 ou durante o ano de 2023, a gente enxergar o   Banco Central tendo que implementar um
ciclo de corte de juros, que inclusive   já existe aí uma certa precificação na curva.
Então, esses títulos pós-fixados que são atrelados   ao CDI vão render bem durante um período, mas
talvez seja por um período curto de tempo aí,   né? Por essa janela aonde de fato o Banco
Central vai ter que manter a taxa de juros   nesse terreno tão contracionista para
domar a inflação, como você bem falou. Então, traduzindo aqui em miúdos: o investidor
que se aproveitar dessa curva prefixada que   está premiada, vamos supor, se ele compra um
ativo pode ser no Tesouro Direto por exemplo,   ou ele pode comprar um título de crédito
bancário ou corporativo, vamos dizer que   ele trave ali uma taxa de 12,5%, 13% né? Para um
período aí de… Ou até mais que isso dependendo   da qualidade de crédito, claro que pode pagar
mais que isso. Aí ele está travando essa taxa,   ou seja, ele está, entre aspas, garantindo
essa taxa pelos próximos três anos.  Ao passo que se ele ficasse num ativo pós-fixado,
ou seja, um Tesouro Selic ou um CDB, por exemplo,   atrelado ao CDI, ele vai receber agora
de imediato próximo desses 12%, mas que   ali na virada de 23 em diante, a gente espera
que o Banco Central comece a cortar a Selic,   portando, o CDI também começa a baixar e ele
vai perdendo atratividade nesse pós-fixado.  Ao passo que ele tivesse comprado prefixado,
ele estaria recebendo essa taxa mais gordinha   ali pelo período do prazo que ele fechar
vai… Vamos dizer em torno de três anos. Exatamente, Pri.
Então assim, essas são as escolhas, né?  A gente sempre tem uma questão
de retorno e risco, né?  Então os papéis pós-fixados, esses atrelados ao
CDI têm uma volatilidade muito menor, um risco   muito menor, né? No entanto, quando você olha
num horizonte de médio e longo prazo, talvez se   confirmando esse próximo passo do Banco Central de
uma queda de juros, ele vai acabar rendendo menos.  Então, por isso que é sempre muito importante
que o investidor tenha em mente qual é o   horizonte do investimento, né?
A gente está passando por um   momento extremamente delicado, né?
Não só no Brasil, como no mundo,   essa questão do conflito vem ainda trazer mais
incertezas, né? Então assim, é normal que as   pessoas tenham uma certa apreensão e aí é
importante que se tenha uma consciência grande   da necessidade do capital, do uso dele no curto
ou no longo prazo e aí sim para aqueles que têm   essa capacidade de aguentar a turbulência muito
provavelmente vão se beneficiar dessas taxas mais   altas que a gente acabou de falar, né?
Seja nos prefixados, seja nos títulos   atrelados à inflação que como eu falei estão
praticamente pagando algo em torno de IPCA +6%. E lembrando também que obviamente a
Selic em alta, ou seja, aumenta o custo   de oportunidade desse investidor, né?
Então para ele migrar para uma classe   de ativos de risco, né? A gente falando aí de
fundos multimercados ou da bolsa por exemplo,   ele tem que exigir um retorno maior
do que esses em torno de 12% que ele   receberia num ativo de baixíssimo risco
como um CDB pós-fixado, por exemplo, né? Exato.
Então, por isso que assim eu acho que   depois de um período tão longo aonde a classe
aí da renda fixa ficou, vamos assim dizer… Era o “patinho feio”, né? E agora está em alta. Era o “patinho feio”.
Ele continua feio ainda, mas eu acho que é   o que está mais bem preparado, vamos assim dizer,
para enfrentar o que vem pela frente, ou seja, eu   acho que já tem bastante coisa precificada, então
eu acredito realmente que quem tiver oportunidade   de colocar ativos de renda fixa no portfólio,
obviamente portfólio diversificado é sempre   importante, mas é um bom momento, né?
Aí uma questão de escolher qual desses,   vamos assim dizer, desses cavalos, se o
pós-fixado atrelado ao CDI, se o pós-fixado   com a parcela pré e atrelada à inflação ou de fato
o prefixado que acaba sendo um pouco mais volátil,   mas que traz aí essa rentabilidade mais
robusta, mais atrativa para o longo prazo. Bom, agora falando um pouco aqui da nossa
política monetária, Toledo. Então a gente saiu,   como o André comentou, você também comentou ali
no início da pandemia saímos de uma Selic de 2%,   estamos agora com 10,75%, mas a gente acredita
que esse ciclo pode ir, como você pontuou,   até para além dos 12,75% que era a
nossa expectativa até recentemente.  Então, queria te perguntar, como é que você vê a
postura do Banco Central primeiro em relação a:   temos quanto mais espaço para continuar num ciclo
de elevação sem matar totalmente a economia, né?  Sem dificultar tanto o crescimento
econômico, acesso ao crédito etc.  E como que tem se dado a sinalização
do Banco Central ao mercado? Deixa eu começar dando um passo para trás,
antes da gente entrar na implicação para   o Banco Central brasileiro do que está
acontecendo agora em relação ao conflito.  E lembrar então, o Banco Central nesse início
de ano, como a gente falou já atingiu um patamar   de juros bastante apertado, trouxe a taxa
de juros para um terreno contracionista,   então é muito diferente do que
está acontecendo no resto do mundo.  Então, se a gente olhar a curva de
juros dos Estados Unidos em termos   reais estão flutuando entre -2% até
agora -3% em temos reais, ou seja,   você ganha a inflação menos alguma coisa e
aqui no Brasil você ganha a inflação +6%. Ou seja, você tem corrosão de
poder de compra nos Estados Unidos? Exatamente.
Então, se você comprar um título   indexado à inflação nos Estados Unidos hoje,
você garante uma perda em termos reais,   então isso está na expectativa do mercado lá fora.
Aqui o ciclo já estava muito avançado, o Banco   Central na última reunião sinalizou uma redução
de passo, então ele fez um aumento de 150 pontos,   mas sinalizou que reduziria o passo, no nosso
entendimento para 100 pontos também na reunião   do dia 16 de março, mesma data da reunião do
Fed, quando ele deve começar a subir os juros. É do FOMC, né? Que é o Copom do Fed,
a gente chama de “Super Quarta”. Exatamente.
Então é uma situação,   um ponto de partida muito diferente.
A gente imaginava então que o Banco Central   estava na fase final aqui de aumento de juros,
a atividade econômica já vem desacelerando,   a gente teve um resultado do PIB um
crescimento 0,5 ponto no quarto trimestre,   mas que veio de dois trimestres bastante fracos
com contração do PIB e a gente continua olhando   para 2022 um crescimento ali em torno de 0,5%.
Quer dizer, então têm dados de atividade   um pouquinho melhores no curto prazo,
mas esse vento global contrário agora.  Então é uma situação que o Banco Central,
acredito, possa reagir a esse novo grande choque   de commodities com uma paciência, quer dizer, com
uma serenidade para observar o que vai acontecer.  Então, fazer um aumento de 100 pontos, essa
é nossa expectativa para a próxima reunião,   é indicar que o cenário é de grande
incerteza, portanto, deixar a porta   em aberto para eventualmente ter que seguir no
mesmo ritmo, mas também de poder reduzir o passo.  O que o Banco Central vai estar preocupado?
Naturalmente ele não vai tentar mirar a inflação   de 2022, ele não vai se contrapor a esse choque.
Então, tem um debate se deveria fazer uma meta   ajustada para 2022, não faz nenhum
sentido digamos assim esse debate,   porque ele vai estar agora discutindo 2023, então
ele quer mirar na inflação de 2023, a meta é de   3,25% e ele vai acomodar esse impacto que a
gente chama, os economistas chamam de primário,   ou seja, o impacto da elevação dos preços de
combustíveis ou do trigo que vai pegar nos   produtos consumidos pelas pessoas, isso o Banco
Central não vai tentar neutralizar esse choque.   Ele vai estar preocupado com a inércia que vai
ser gerada para o ano que vem e com o aumento   de expectativas que também pode fazer com que a
inflação do ano que vem fique mais pressionada.  Então, como choque agora é muito grande
e a inflação já estava elevada é possível   que ele tenha que ir um pouco além do que a gente
estava prevendo e ele mesmo estava sinalizando,   mas na nossa visão ele tem condições para
não, digamos assim, fazer um grande movimento   adicional em resposta a esse choque.
E mais uma vez, basicamente,   porque já estamos aqui numa situação de juros
que é uma taxa elevada, apertada, em patamar   restritivo e muito diferente do resto do mundo.
Acho mesmo que parte do motivo que o real,   a taxa de câmbio tem exibido apreciação nesse
ano decorre disso, decorre do fato dos juros   no Brasil estar razoavelmente acima dos pares
desenvolvidos ou também de países emergentes. Em foco. André, só para a gente orientar de alguma maneira
aqui o investidor, né? O nosso ouvinte investidor.  Diante de tantas opções de veículos de
investimento e diante desse cenário de   alta volatilidade e que pode
mudar a qualquer momento, né?  O que que seria o mais indicado para o investidor?
Porque ele tem sempre a opção de entrar   diretamente em ativos, né? Acho que o Tesouro
Direto acaba sendo aquela opção mais óbvia, né?  Mas quando a gente está falando ali dos títulos
prefixados, tem sempre aquela questão da marcação   a mercado, né? Que pega muita gente de surpresa.
Ou seja, a renda fixa aquela taxa que você   contratou na entrada, ela só vale se você
carregar aquele título até o vencimento, né?  Durante o prazo daquele vencimento, o
preço pode oscilar bastante tanto para   o título prefixado quanto para aquele que
é o misto ali de prefixado com IPCA, né?  Então, diante dessas incertezas e para o
investidor poder estar bem diversificado,   o que seria uma boa alternativa? A gente pode
falar aí um pouco de fundos, por exemplo? Bom, Pri, assim…
Eu acho que você   tocou em um ponto superimportante que é a questão
do ambiente volátil. Então provavelmente continua,   né? Por conta, não só da questão aí do
conflito agora um pouco mais recente,   mas por conta de todas as outras coisas
que a gente acabou abordando aqui, né?  Então essa saída da pandemia, essa questão das
economias desenvolvidas tendo que combater a   inflação, então o Fed provavelmente iniciando
um ciclo de alta de juros ou outras grandes   economias fazendo a mesma coisa, então isso
acaba trazendo aí um rearranjo muito grande   nas carteiras no mundo inteiro e tendo
impacto em todos os tipos de ativos.  Então acho que nesse ambiente de incerteza
e volatilidade, óbvio que a primeira dica   acaba sendo sempre que se tenha aí uma
boa diversificação no portfólio, né?  Que tenha renda fixa, renda variável, crédito,
câmbio, enfim, ativos no exterior, aí óbvio   que a parcela de cada uma dessas coisas depende
muito do perfil de risco do próprio investidor,   né? Como falei antes, acho que a renda fixa hoje,
local, aqui no Brasil nos níveis que a gente tem   representa aí um excelente ativo de risco, né?
Então assim, eu acho que a maneira mais segura   para que o investidor possa transitar por esse
terreno aí tão esburacado que a gente está   passando é de fato entregar para os profissionais
que estão acompanhando o mercado de perto,   o tempo todo né? E que têm a capacidade de
entrar e sair das posições com mais agilidade.  Então assim, a gente está vivendo períodos
aonde a oscilação de preço ela é muito grande,   os movimentos são muito rápidos, às vezes
eles acontecem de um dia para o outro, né?  Então assim, o investidor acaba tendo uma
dificuldade de poder não só acompanhar tudo   que está acontecendo, mas mesmo acompanhando de
ser capaz de executar as ordens com rapidez, né?  Então assim, quando você tem um investidor que
entrega esse mandato de gestão por uma gestão   ativa, ou seja, de um gestor de portfólio
que tem o mandato de estar acompanhando o   mercado e ir alocando dentro, obviamente,
do que é o mandato de risco daquele produto,   né? Para que ele possa tentar, vamos dizer assim,
ser mais rápido e mais ágil na alocação e poder   se aproveitar obviamente de bons momentos
aonde os preços são atrativos, como também   tentar se safar de correções mais fortes, né?
Então assim, nesse sentido eu acho que a busca   por um profissional que possa fazer essa
gestão ativa acaba sendo a melhor dica. Perfeito.  Bom, a gente vai chegando aqui
ao final da nossa conversa.  O momento é muito delicado, né? E a gente
torce aqui para que tenha uma resolução em   breve para esse conflito, que a Rússia recue né?
Que a gente preserve vidas, né? Não só as vidas,   mas também a economia ucraniana que está
sendo muito prejudicada neste momento.  Então nós conversamos hoje, queria agradecer
mais uma vez, com o Marcelo Toledo,   economista-chefe da BRAM.
Obrigada, Toledo. Obrigado, Priscila.
Também é um prazer dividir o podcast com o André. Obrigada, também, André Caetano,
Head de Renda Fixa da BRAM. Obrigado, Pri. Obrigado, Toledo.
Foi um prazer estar aqui com vocês. Vocês que nos acompanham já sabem
que toda semana tem um episódio   novo no seu Insights.
Até a próxima, tchau.

 

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